23 de janeiro de 2013

Kierkegaard: Ou-Ou 1ªparte


Conferência de Filipa Afonso

























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Conferência de Trindade Santos


Conferência

“Uma leitura antepredicativa do argumento de Parmênides”

pelo

Prof. José Trindade Santos

4 de Fevereiro de 2013

11 h

Sala 5.2


“Uma leitura antepredicativa do argumento de Parmênides”

A tradição da metafísica ocidental – nomeadamente as concepções de ‘ser’ e de ‘saber’ – assenta no Poema de Parménides, Da natureza. No entanto, após a edição integral dos fragmentos do Poema, por Hermann Diels (1875), nenhuma interpretação da mensagem do Eleata recebeu o consenso dos comentadores.
Defendo que o conflito que os opõe se deve à incapacidade da compreender a epistemologia antiga, em particular, a evolução pela qual passa entre Parménides e Aristóteles, a partir dos pressupostos da epistemologia actual. Para ilustrar esta tese, partirei de um exemplo: a tese da infalibilidade do saber (epistêmê), corrente nos diálogos platônicos.
Começo por perguntar como poderá a concepção de ‘conhecimento’ actual, que o encara o como um processo que relaciona sujeito e objecto admitir a possibilidade de um estado cognitivo infalível? Para compreender a infalibilidade do saber há que buscar o contexto em que se acha inserida na Antiguidade.
Os textos clássicos documentam duas grandes polémicas no domínio da cognição. Uma está condensada nas críticas que, na Metafísica A6, 9, Aristóteles dirige ao dualismo platónico. A outra é aquela com que, no Sofista, Platão critica a ontoepistemologia eleática. Concentro-me nela.
Estão bem estudados os argumentos desenvolvidos para reformular as teses da ‘unidade’ e ‘imobilidade’ do ‘ser’, mediante a introdução da ‘alteridade’. No entanto, os contornos da epistemologia subjacente à argumentação aduzida no Da natureza continuam a suscitar dúvidas aos intérpretes. Soam estranhas as teses que, a partir dos “dois únicos caminhos para pensar” (ou “conhecer”: B2.2) – “que é” e “que não é” (B2.3, 5) –, sustentam:
1.     a “impossibilidade de pensar/conhecer “o que não é” (B2.6-8a);
2.     a “mesmidade” de ‘pensar’ e ‘ser’ (B3, B8.34);
3.     a proibição de “serem coisas que não são” (B7.1);
4.     a ‘unidade’, ‘ingenerabilidade’ e ‘incorruptibilidade’, ‘imobilidade’ e ‘imutabilidade’, ‘indivisibilidade’ e ‘completude’ de “o que é” (B81.49).

Defendo que estas teses são inaceitáveis se “que é/que não é” (B2.3, 5) forem lidos predicativamente, atribuindo ‘existência’ e ‘verdade’ a algo “que é” e negando-as a “o que não é”. Contra essa leitura, interpretando a ausência de sujeito gramatical em “que é/que não é” como indício de que as duas expressões não têm referente, leio ambas antepredicativamente, como “[o nome] que é e [o nome] que não é”.
Se “que é” pode ser pensado (B2.3), “o que não é” não pode ser pensado. Da contrariedade dos dois caminhos resulta a decisão de abandonar “a via anónima e impensável” (B8.16-18) e escolher “que é”, como o único [nome] cujo pensamento “é consumável” (B2.7), da qual decorre a “mesmidade de ser e pensar”.
Nesta interpretação, ‘ser’ não é objecto de ‘pensar’, nem ‘pensar’/‘pensamento’ a faculdade que capta o “ser” (B3, B8.34). Como objecto interno do “pensar”, “o ser” é “o que pode ser pensado”, e “o pensar”o estado cognitivo infalível em que “pensamento, pensar e pensado são” (B6.1a). ‘Verdade’ e ‘existência’ – como em B8 os “sinais” de “é” – são pressupostos exigidos para pensar “que é” e não predicados atribuídos ao que existe (o mundo físico, como a tradição posterior estabelecerá). A proibição de “[coisas] que não são serem”(B7.1; logo, de “coisas que são não serem”) faz da ‘existência’ de “o que é” um pressuposto da cognodcibilidade de “o que é”. Se pensar “que é” é verdade (B2.3-4), não há “pensamento falso”, apenas “não-pensamento”.
Entendendo o ‘pensar’como um estado cognitivo infalível, a leitura antepredicativa liberta o ser eleático da carga referencial que o associa à realidade, cancelando as dificuldades provocadas pela leitura da ‘existência’ e da ‘verdade’ como predicados, que tornam incompreensível a infalibilidade do saber.
José Trindade Santos
Universidade Federal da Paraíba
Centro de Filosofia da Universidade de Lisboa




9 de janeiro de 2013

O Pensamento Naturalista no Islão Medieval




Conferência pela Professora Catarina Belo (American University of Cairo).
16 de Janeiro - 16h
Sala Mattos Romão/Departamento de Filosofia
Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa